25 de abril de 2012

Viva a Liberdade!

Embora tenha nascido quando ainda vigorava um regime de ditadura e repressão, tive a sorte de crescer num mundo livre onde sempre me foi permitido expressar a minha opinião sem ter de olhar por cima do ombro, onde pude gritar na rua sempre que decidi protestar, sem ter de fugir à repressão policial.  Para muitos, estas situações podem ser pequenas banalidades que se contam do "antigamente". Eu que cresci numa sociedade que ainda estava a aprender a ser livre continuo a sentir de forma bem consciente, a cada ano que passa, a importância de poder escrever estas palavras banais mas livres de amarras. Viva a liberdade e todos os que lutaram por ela.

7 de abril de 2012

Bonecada

Actualmente existe uma parafernália de desenhos animados para todos os gostos em diferentes canais, mais ou menos temáticos, mas que de alguma forma seguem uma linha de orientação mais fantástica ou mais educativa. As minhas próprias referências de desenhos animados são, obviamente, completamente diferentes: havia o alternativo e vanguardista Vasco Granja, que ninguém suportava, depois tinha os trágicos "Heidi", "Marco", os educativos "Era uma vez...", e o arranque do estilo manga com o "Conan, o menino do futuro" apresentado mesmo em japonês. Hoje reparo que a oferta está mais nivelada, mas não está menos inócua. Senão vejamos dois exemplos muito simples. Temos a "Dora, a Exploradora", uma personagem de origem latina que quer à força, ou pelo menos, pela via do cansaço, obrigar os miúdos a falar inglês e a repetir a palavra "backpack" ad eternum. Pergunto eu: qual é a sangria desatada desta menina exploradora em falar inglês? Tem mais a ganhar nas suas explorações em falar espanhol do que inglês. Na América Latina ainda há muito por descobrir enquanto os EUA só têm 200 anos de história e fracas pretensões arqueológicas. Será que a Dora teve de arranjar um green-card e aprender o Star-Spangled Banner para fazer esta série!?
Depois temos o "Manny Mãozinhas", repleto de estereótipos que não são nada bons exemplos. Reparem, o rapaz é mexicano, até aí nada de mais, mas não precisava de trabalhar nas obras. Depois tem um exército de ferramentas que geralmente fazem o trabalho dele, será que estão a reforçar a ideia de que os mexicanos são preguiçosos!? Para fechar em grande, o nome: Manny Mãozinhas, parece a alcunha de um latino ex-condenado que se dedicava ao surripianço e que agora está a tentar endireitar-se na vida.

A sério, cada vez mais penso se devo continuar a deixar a minha filha ver desenhos animados ou se, agora que já lê, a devo meter a ler os livros da menina Anita que sozinha e com apenas 7 anos já consegue cozinhar, tomar conta de bebés, levar os animais ao veterinário e organizar festas... (ou se calhar também não é o melhor exemplo...).