9 de maio de 2012

Uma aventura...

Há dias em que escolhemos a aventura sem nos aventurarmos demasiado. Pouco aventureiro, podem pensar, diria antes que sou apenas um bem-aventurado pai que no domingo passado se aventurou a entrar na Feira do Livro com uma criança, mais com sete do que com seis anos, que vê aventura em tudo e quer descobrir tudo a que pode deitar a mão. Aventurina não encontrou, mas foi uma verdadeira aventurança conseguir levá-la para fora de determinados expositores, convencê-la de que não precisa de abrir e folhear todo e qualquer livro de capa sugestiva, sim porque nesta idade ainda não se sujeita à ventura de escolher livros pelo autor.
Ao iniciar a visita, damos de caras com o Wally, não seria difícil dar de caras com um caixa de óculos de gorro e camisola de lã às riscas brancas e vermelhas, como se fosse um adepto do Athletic de Bilbao perdido e incapaz de regressar a casa depois da derrota contra o Sporting, e também porque com o calor que se fazia notar o rapaz ia de certo dar nas vistas, mas a verdade é que lá estava ele discretamente deitado na bancada com uma edição daquelas que já não via há tempos. A B. delirou com tanta bonecada e tanta doideira e com todas as tarefas a realizar por página que já não largou o rapaz (o livro, entenda-se!). Continuámos pela secção mais jovem, entre BD e outras histórias. Rapidamente a pequena pré-leitora avisou em tom de recomendação que podíamos levar 4 livros e pagar apenas 3 (já estão doidos com esta coisa da Troika, coitadinhos). 
Chegados a um expositor bastante apelativo com mais de 50 números na colecção a B. parou para ler todos os títulos que viu da Isabel Alçada e da Ana Maria Magalhães... Uma aventura... diria eu.
Ficou tão entusiasmada que acabámos por trazer o primeiro volume da colecção que em tempos também eu li "Uma aventura, na cidade".
Depois de regressar a casa e recuperar as forças gastas na feira e no parque infantil do Parque, leu as 10 primeiras páginas com afinco e entusiasmo.
Parece estar provado que temos clássico juvenil garantido, a rivalizar com as outras aventuras escritas pela senhora Enid Blyton, com a grande vantagem destas serem de origens portuguesas e com referências aos locais e cultura do nosso país. Ainda bem que os miúdos continuam a gostar deste aventureirismo literário.