Foto Josemi Robador |
Amanhã acabam as festas de San Fermin, em Pamplona. Do que vivenciei das festas populares espanholas, é incontornável reconhecer que é das festas mais marcantes, mais conhecidas em todo o mundo e mais procurada por pessoas de todas as nacionalidades. Os motivos são diversos, entre o religioso e o pagão, são sete dias em que a pequena cidade de Pamplona não dorme e vive apenas para as festas do santo patrono. Como é tradição, todos os dias às 8:15 tem início o encierro, ou largada de touros feita nas ruas da cidade. Ao contrário do que é comum pensar, muitos são os que aguardam todo o ano para poder correr as ruas pelas manhãs e (muito) poucos são os ébrios que conseguem furar o cordão de segurança montado para evitar acidentes que podem ser fatais. Geralmente, aos domingos, é a ganadaria Miura que persegue os bravos corredores que transferem toda a adrenalina para as pernas que os mantêm à frente do bando de potentes animais que os perseguem. Em Espanha, os Miura são afamados de nobres e menos perigosos levando-me sempre a pensar no conto de Miguel Torga que retrata o momento da lide de um touro que é ludibriado pela capa e castigado pelas farpas até encontrar a morte na arena. Este conto marcou-me bastante quando o li pela primeira vez, o que certamente contribuiu para reforçar a minha reprovação pela tourada. Numa outra perspectiva, e quem sabe inspirado por algumas passagens do livro "Fiesta" de Hemingway, nas manhãs de Pamplona sinto que o pulsar daqueles que desafiam estes animais é de bravura, destreza, concentração, agilidade. O seu objectivo é correr à frente do touro, superar a sua força bruta, "armados" apenas com um jornal enrolado na mão que não serve para mais do que controlar a distância a que o touro se encontra enquanto devoram metros sem desviarem o olhar do que se passa à sua frente. Já vi esta corrida empolgante bem de perto e é impossível ficar indiferente ao ambiente que se vive. No passado Domingo, a corrida dos Miura foi rápida, tensa e com mais de uma dezena de feridos resultantes de quedas. Todos acabaram a largada vivos e confiantes para o desafio do dia seguinte, infelizmente, outros vão ter um final bem diferente antes de o sol cair na arena de Pamplona.
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